10 janeiro 2008

0021 - Penedo do Bácoro



...e porque as lendas também fazem parte do nosso património aqui deixo a LENDA DO PENEDO DO BÁCORO.

Conta a lenda que há muito, muito tempo, no sítio dos Linheiros de Baixo, em Fornos de Algodres, vivia um homem muito rico. Algumas pessoas diziam que tinha tanto dinheiro que chegava a acender a lareira com ele.
Com o passar do tempo a riqueza desse homem depressa se esgotou, e ele acabou por ficar completamente sozinho, na maior miséria.
Votado ao abandono, sem ter a quem recorrer, o homem fechou-se em casa destruindo tudo o que tinha, incluindo a própria casa, donde foi retirando pedaços de madeira que queimava para se aquecer.
Às vezes viam-no a procurar comida no lixo, carregando consigo toda a porcaria que encontrava e que ia acumulando dentro de casa, ou daquilo que dela restava.
Outras vezes, viam-no a descansar debaixo de um penedo rodeado de lixo, onde um dia o encontraram, já morto, em absoluto abandono.
Este penedo, situado no sítio da Batoqueira, ainda hoje é conhecido como o “penedo do bácoro” por ter a forma de um porco. Tal semelhança pode ser confirmada observando-o atentamente ao passarmos na A25, muito próximo do nó de ligação a Fornos de Algodres.

Ainda que a lenda pouco tenha de interessante, o mesmo não poderá dizer-se do “Penedo do Bácoro”, que em 2003/2004 aquando da construção da A25, conseguiu afirmar-se como “um símbolo de grande importância para todos nós”, tendo acalentado acesos debates na opinião pública e nos órgãos do poder político local que, a todo o custo quiseram (e conseguiram) evitar a sua destruição. De tal forma que a Luso Scut não teve outro remédio a não ser desviar ligeiramente o traçado inicial, mantendo intacto “o animal”.
Para muitos, não passa de um penedo (umas vezes porco, outras vezes ovelha) que parece querer rebolar-se no asfalto da A25…no entanto, o seu “poder simbólico” sobre a população local (em particular, a responsável por “abaixo-assinados”) não deixa de ser curioso!!
Gostava que os entendidos falassem sobre o assunto!

Rosa Costa

3 comentários:

Al Cardoso disse...

Estou enormemente satisfeito pelo facto da "Lusoscut" ter dado ouvidos aos fornenses.
Tambem o devia fazer em relacao aos paineis turisticos, pois o nosso municipio merecia pelo menos um, que identifica-se os dolmens (ou Casas da Orca como diz o povo) do nosso municipio.
Ate ja lembrei isso ao nosso Presidente de Camara, ainda as obras iam a meio, quem sabe um dia os veremos!
E ja que estamos a falar em penedos (ou sera penedros como diz o povo) porque nao publicam uma fotografia daquele que se encontra junto a estrada Fuinhas-Forno Telheiro, que parece a cabeca de um rapaz com uma boina?

Um abraco d'algodrense.

Anónimo disse...

Não sei se serei um dos "entendidos", mas, de facto,os elementos naturais sempre desempenharam um papel activo nas identidades e nas relações que o Homem mantém com a paisagem.Tornam-se "lugares" e um "lugar" é um sítio carregado de sentidos de simbolismos, com histórias (míticas ou não) associadas. É um depósito de memórias e acabam por fazer parte da identidade das pessoas. Ajudam-nos a "marcar" o espaço e a percorrê-lo. Pode ser um penedo, pode ser uma árvore particular, etc. O Homem, desde a Pré-História, sempre recorreu aos elementos naturais como forma de organizar o espaço e de construir a sua memória e o seu imaginário. Nos territórios graníticos, como o de Fornos, os penedos são como "castelos de nuvens", com formas sempre sugestivas para a imaginação humana. Nestas terras, as lendas associadas a penedos devem ser tão antigas como a própria ocupação humana.Neste sentido,lutar pela preservação de um penedo pode ser quase como lutar por uma fotografia de família.
Mas isto nem sempre é compreendido, sobretudo por quem está afastado dessa vivência ou desse conhecimento. Num estudo de impacte ambiental (como o que teve a A25), este tipo de património é facilmente desvalorizado ou ignorado em favor do património construído mais tradicional. A superficalidade com que muitos destes estudos são feitos (e refiro-me só ao descritor património) faz com que situações como a que foi aqui descrita sejam demasiado frequentes. Mas há males que vêm por bem: ao gerarem reacções, estas situações reforçam a carga simbólica destes locais e afirmam uma tradição pouco enraizada neste país - o exercício da cidadania. Estão, pois, de parabéns os "abaixo assinantes".

Al Cardoso disse...

Brevemente mandarei uma fotografia do penedo que refiro.